Por Julyanna Santos 08.07.2021
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O uso abusivo de bebida alcoólica, na maioria das vezes, está atrelado a sentimentos como tristeza e ansiedade.
O Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) divulgou, dia 30 de Junho, pesquisa que mostra evolução no consumo de álcool no Brasil entre 2010 e 2019. Ao passo em que apresenta uma queda de 13% no consumo total de álcool; no entanto, avaliando apenas idosos e mulheres, a pesquisa mostra o inverso: houve aumento no consumo de bebida alcoólica nessa população, especialmente em meio à pandemia.
Com o avanço da idade, a tolerância do organismo ao álcool diminui sobremaneira, em decorrência das diversas alterações fisiológicas; um exemplo disso são as mudanças na capacidade hepática e função renal, que podem ocasionar em desidratação (o que leva a embriaguez e, consequentemente, a “ressaca”). Portanto, o uso abusivo do álcool tem consequências danosas ao corpo e mente, diminuindo a capacidade cognitiva e intelectual, alterando o comportamento, aumentando o número de comorbidades e a piora no quadro de problemas de saúde já existentes, além, é claro, do aumento de chances de lesões por quedas e ferimentos e reação química imprevisível do contato do álcool com medicamentos.
Estima-se que 1 a 3% dos idosos sofram com doenças causadas pelo alcoolismo. De acordo com dados de 2016, do Global Health Estimates (OMS), ocorreram 68.658 mortes de homens acima dos 50 anos que possuíam algum transtorno relacionado ao álcool; entre as mulheres na mesma faixa etária ocorreram 15.568 mortes.
A Live Amigo do Idoso, apresentada por Ely Alves, recebeu o psiquiatra e psicogeriatra, Dr. Nairton Cruz, no dia 17 de maio, para falar sobre o tema.
O especialista pontuou alguns aspectos psíquicos como causadores da busca pelo álcool: ociosidade, ansiedade e sintomas depressivos, transtorno de adaptação, estresse, etc. O uso de drogas e bebidas alcoólicas também podem estar relacionados à questões financeiras, como a falta de dinheiro e dívidas.
Para ingestão segura de bebidas alcoólicas, sem risco à saúde, procure seu médico e tenha um diálogo franco e aberto sobre isso. O uso frequente e excessivo de álcool na terceira idade pode aumentar os riscos de complicações de saúde e óbitos.
Abaixo confira algumas perguntas e respostas formuladas pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa):
– O avançar da idade interfere na sensibilidade ao álcool?
Nos idosos, percebe-se um aumento na sensibilidade ao álcool, já que o envelhecimento pode diminuir a tolerância do corpo para esta substância com as mudanças no organismo, como capacidade de metabolização hepática e função renal, além de mudanças da composição corporal, com maior tendência a desidratação. A ingestão de álcool em idosos pode provocar efeitos mais acentuados comparativamente aos jovens de mesmo sexo e peso.
– O consumo de álcool em excesso pode aumentar os riscos de câncer?
O álcool é um depressor do Sistema Nervoso Central e age diretamente em diversos órgãos. O seu consumo tem sido identificado como fator de risco para câncer de boca, nasofaringe, faringe, orofaringe, laringe, esôfago, colorretal, fígado e pâncreas. Quanto maior o consumo, maior será o risco para desenvolver a doença.
– Os idosos têm mais dificuldade para se livrar do alcoolismo?
Os estudos mostram que os idosos se beneficiam dos tratamentos contra a dependência de álcool do mesmo modo que as pessoas mais jovens. Contudo, a efetividade dos tratamentos tende a ser melhor para aqueles que apresentam menor histórico de uso problemático de álcool. Vale ressaltar que a família é peça-chave tanto na prevenção do uso nocivo do álcool, como em casos em que o problema já está instalado.
EM TEMPO:
O acolhimento às pessoas com sofrimento ou transtorno mental – incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas – é feito nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Eles funcionam 24 horas por dia e também atendem pessoas de todas as faixas etárias com transtornos causados pelo uso de álcool e outras drogas.