Laços e nós nas relações familiares: Um olhar transgeracional

Família, família
Papai, mamãe, titia
Família, família
Almoça junto todo dia
Nunca perde essa mania.

Titãs

A família é o lugar que dá origem à história de cada pessoa, é um espaço onde se constroem vínculos importantes. Ainda que se possa acreditar que é possível deixar de pertencer a uma família, romper os laços de origem e seguir na constituição de outra, lembranças e memórias de um convívio familiar ficará como marcas em histórias pessoais, fonte de acesso para qualquer momento. A família pode funcionar como uma importante base ou alicerce para futuras relações interpessoais e para a existência do indivíduo, pois os primeiros contatos estabelecidos com o outro são realizados nesse grupo (MELO, 2012).

As organizações familiares também refletem o funcionamento da sociedade, ao mesmo tempo em que atuam na formação do indivíduo. As mudanças sócio-político-culturais colaboram para a reflexão sobre os padrões adotados pela família, ajudando a compreender o ciclo familiar. A família é um sistema que integra uma sociedade e não interage sozinha. É um sistema movendo-se através do tempo, promovendo o desenvolvimento de relações humanas, seja ela conjugal ou familiar (MELO, 2012).

Olhar a transgeracionalidade das relações é ir de encontro com os valores, hábitos, costumes, crenças, ritos e padrões de comportamentos que podem ser questionados diante das novas gerações. Daí o que antes era laços pode se transforma em nós diante das mudanças nos contextos econômicos, social e cultural nos quais a família está inserida.

Buscar novas formas de olhar o passado e honrar todos aqueles que vieram antes é por vezes tarefa que requer compreensão, habilidade de enxergar os novos arranjos familiares e uma dose enorme de disposição diante dos conflitos que geralmente costuma apimentar as reuniões familiares. Conjugar o passado no presente e abrir espaço para o futuro é essencial na validação das relações e de todos os membros envolvidos na construção familiar.

Como diz Falker e Wagner (2005) é dar lugar de voz e falar para que todos possam ser ouvidos e respeitados na sua forma de ser e está no mundo. É compreender que cada geração possui seus valores e são esses valores que norteiam o legado familiar e a perpetuação das gerações vindouras. Quando encontro espaço para ser ouvido e compreendido na minha forma de expressar meus sentimentos, crenças e percepções de mundo, nutro um sentimento de pertencimento que se transforma na mais sustentável dos sentimentos entre os pares de uma família.

Essas breves e inacabadas reflexões evidenciam que precisamos a cada momento ampliar nosso olhar sobre como estamos nos relacionando frente o passado e o novo na construção das famílias. Como olhamos os recasamentos, divorcio, as relações homoafetivas, os filhos adotados e as famílias que optam por não ter filhos. São transformações e mudanças que não há mais como silenciar e fechar os olhos. É necessário e urgente pensarmos e refletirmos, todos juntos.

A psicóloga, Francisca Adriana Almeida Lisboa Rocha (CRP 11/11235), foi a convidada do Programa Fortaleza 6.0 no sábado, 05 de dezembro.Confira a entrevista completa:

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O Programa Fortaleza 6.0 tem transmissão ao vivo, todos os sábados, das 10 às 11horas. A programação promove ações do projeto Fortaleza Cidade Amiga do Idoso; entrevistas com profissionais que trabalham em prol do envelhecimento saudável e conversas com idosos que são exemplos por saberem conduzir as suas vidas após certa idade com tanta vitalidade, autonomia, disposição e alegria de viver.