Exercitar o cérebro pode diminuir o impacto de disfunções cognitivas provocadas pela COVID-19

Por Julyanna Santos 22.02.2021

O Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor), da Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo, realizou estudo com 185 pessoas, entre março e setembro de 2020, e constatou que 80% dos pacientes recuperados da Covid-19 apresentaram algum tipo de disfunção cognitiva.

Dentre as disfunções apresentadas, estão perda de memória, dificuldade de concentração, problemas com compreensão ou entendimento e dificuldades com o julgamento e raciocínio. As sequelas cognitivas estão associadas ao baixo nível de oxigênio enviado ao cérebro devido, primordialmente, ao comprometimento dos pulmões.

O estudo, ainda em andamento, acompanha 430 pacientes.

“É importante fortalecer conexões neurais por meio de ferramentas como o ábaco, exercícios cognitivos, dinâmicas, jogos, neuróbicas e jogos on-line!”

Com o prolongamento da pandemia, o alerta dos médicos e cientistas vêm, sobretudo, da observação diária de manifestações neurológicas em pacientes acometidos por formas graves da doença, que vão desde comprometimentos motores, respiratórios, e, mais recentemente, implicações neurológicas.

Para falar sobre a importância do fortalecimento das conexões neurais, o Portal Fortaleza Amiga do Idoso, entrevistou Gabriel de Lima Araripe, Diretor do Supera – Ginástica para o Cérebro. Ele, que é Especialista em Ginástica para o Cérebro, Professor e Palestrante, destacou a relevância dos exercícios cognitivos.

Portal Fortaleza Amiga do idoso – Qual a importância em criar reserva cognitiva? E como essa reserva pode ajudar as pessoas que já tiveram COVID-19?

Gabriel de Lima – Criar reserva cognitiva é fazer com que as conexões entre os neurônios sejam cada vez maiores, aproveitando assim o potencial de funcionamento do sistema nervoso, para então gerar, ao longo da vida, uma reserva cognitiva. Isso vale não apenas para o novo coronavírus, mas também para casos demenciais: uma vez acometido por doenças mais graves, o paciente que tem uma reserva cognitiva maior responde melhor as tentativas de recuperação de forma geral.

Portal Fortaleza Amiga do idoso – É possível mensurar o desgaste provocado pela COVID-19?

Gabriel de Lima – Em estudo recente, médicos e cientistas do Imperial College, no Reino Unido, apontaram que a Covid-19 pode causar um declínio das funções cerebrais em pacientes que tiveram a doença. Segundo o estudo, o cérebro pode envelhecer até 10 anos por conta do impacto do vírus na estrutura e no funcionamento do órgão.

Portal Fortaleza Amiga do idoso – Quais os impactos em pessoas idosas? Há maior agravamento?

Gabriel de Lima – O cérebro da pessoa idosa não possui significativa reserva cognitiva quando são acometidos pelo coronavírus. Por isso, é fundamental que o idoso pratique exercícios que estimulem as conexões neurais.

Portal Fortaleza Amiga do idoso – Como estimular o cérebro do idoso?

Gabriel de Lima – Exercitar nosso cérebro sistematicamente é tão importante quanto o exercício aeróbico para o nosso corpo. Por meio de exercícios que envolvem novidade, variedade e desafio crescente, é possível criar reserva cognitiva. Uma boa qualidade de vida somada aos exercícios intelectuais (conhecidos como ginástica para o cérebro), podem auxiliar, sobremaneira, na capacidade aumento da reserva cognitiva.