Estudo encontra ligação entre níveis de ferro e o tempo de vida saudável

Mais de 1 milhão de pessoas participaram de um estudo que constatou algo um tanto intrigante: aparentemente há alguma ligação entre os níveis de ferro no sangue e o tempo de vida saudável.

A abrangência se destaca – as mais de um milhão pessoas foram encontradas em três diferentes bancos genéticos com dados públicos, e desta forma, realizar cruzamentos de dados e fazer a comparação entre as diversas características.

Para apresentar os resultados, os cientistas separaram as análises em três fases do envelhecimento: o tempo de vida, os anos vividos sem doenças e o momento em que se atinge uma idade verdadeiramente avançada.

Com as análises realizadas, os pesquisadores encontraram, no total, dez pontos-chave que aparentavam estar relacionados à longevidade, dos quais um se destacou mais: o ferro.

Imagem: Nashua Volquez / Pexels

A maneira como o corpo metaboliza o ferro possui uma ligação com um conjunto de genes. Portanto, estatisticamente, níveis altos de ferro na corrente sanguínea podem diminuir consideravelmente seu tempo de vida saudável.

Conforme disse em comunicado da Universidade de Edimburgo o Dr. Paul Timmers, do Instituto Usher:

“Estamos muito empolgados com essas descobertas, pois sugerem fortemente que altos níveis de ferro no sangue reduzem nossos anos saudáveis ​​de vida e manter esses níveis sob controle pode impedir danos relacionados à idade”.

O Dr. Timmers destaca essa associação de como o consumo excessivo da carne vermelha pode nos afetar, no sentido desta ligação entre níveis de ferro e o tempo de vida saudável:

“Especulamos que nossas descobertas sobre o metabolismo do ferro também possam começar a explicar por que níveis muito altos de carne vermelha rica em ferro na dieta foram associados a condições relacionadas à idade, como doenças cardíacas”.

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Reduzindo vieses

É claro que todas as hipóteses estão sujeitas a serem enviesadas. Portanto, dentro do campo da estatística, há diversas técnicas para se reduzir possíveis vieses e evitar uma conclusão precipitada.

Basicamente, a genética possui de fato uma relação com a sua vida, mas não é total. As predisposições genéticas dependem das influências ambientais – como o seu estilo de vida, criação e tudo o que ocorre em seu entorno.

Por exemplo, se você possui uma predisposição genética que tem como efeito uma possibilidade maior do que a média de você não desenvolver câncer, mas você abusar no uso de álcool e cigarro, de nada adianta esses genes.

Os cientistas utilizaram uma técnica chamada de randomização mendeliana (leia aqui sobre Mendel). O principal intuito da randomização mendeliana é mostrar se as relações encontradas são de fatos associações ou se são meras casualidades.

Um dos principais pontos fortes do estudo nesse quesito, entretanto, é a amplitude de amostras. Um milhão de amostras é um grupo bastante grande, e é difícil que uma casualidade se destaque muito em uma amostra assim.

Novos estudos

Agora, os pesquisadores pretendem conduzir novos estudos sobre o assunto, a fim de encontrar meios de utilizar essa correlação para melhora na qualidade de vida das pessoas, ou até mesmo se refutar.

“Nosso objetivo final é descobrir como o envelhecimento é regulado e encontrar maneiras de melhorar a saúde durante o envelhecimento”, diz o Dr. Joris Deelen, do Instituto Max Planck de Biologia do Envelhecimento em comunicado.

“As dez regiões do genoma que descobrimos que estão ligadas à expectativa de vida, saúde e longevidade são candidatas interessantes para novos estudos”, destaca Dr. Deelen.

O estudo foi publicado na modalidade de acesso aberto no periódico Nature Communications.

Com informações de Science Alert e Universidade de Edimburgo.