Por Julyanna Santos 14.05.2021
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O conjunto de condições de saúde que afetam a capacidade da pessoa idosa de gerir a própria vida, interferindo na sua funcionalidade para realizar tarefas cotidianas, são as síndromes geriátricas.
Naturalmente, com o envelhecimento, é comum o surgimento de múltiplas alterações nos diferentes sistemas orgânicos, o que pode, progressivamente, acarretar em diminuição da nossa reserva funcional; nesse caso, a intervenção precoce torna-se essencial para a melhoria da qualidade assistencial.
Para diagnosticar e tratar essas síndromes, é preciso que o profissional de saúde tenha uma grande capacidade de observação e a compreensão da necessidade de valorização das queixas da pessoa idosa.
O Portal Fortaleza Cidade Amiga do Idoso entrevistou a Dra. Maria Elisa Gonzalez Manso, uma das principais especialistas no tema no Brasil.
Dra. Maria Elisa é Médica, Mestre e Pós-Doutora em Gerontologia Social, Pós-graduada em Psicogerontologia e professora titular do curso de Medicina do Centro Universitário São Camilo e professora de cursos de Pós-Graduação e Aperfeiçoamento na PUC de São Paulo.
Portal Fortaleza Cidade Amiga do Idoso – Como é a atuação da área de estudo no que diz respeito às síndromes geriátricas?
Dra. Maria Elisa – As síndromes geriátricas têm chamado a atenção da população por estarem aumentando sua prevalência conforme ocorre o envelhecer das populações. Então, estudamos com objetivo de pensar em intervenções e ações que previnam e melhorem a qualidade de vida das pessoas; esse é o foco da Gerontologia e Geriatria.
Portal Fortaleza Cidade Amiga do Idoso – Quais as principais?
Dra. Maria Elisa – Os transtornos cognitivos maiores (demências), a depressão, as quedas, a incontinência urinária, as perdas sensoriais (visão, audição), as iatrogenias. Pode-se acrescentar ainda o isolamento social e a insuficiência de renda
Portal Fortaleza Cidade Amiga do Idoso – Como ocorre o diagnóstico?
Dra. Maria Elisa – O diagnóstico dependerá da síndrome. Algumas, o diagnóstico é feito apenas pelos sintomas e sinais, outras necessitam de exames complementares.
Portal Fortaleza Cidade Amiga do Idoso – Quais os sinais de atenção que o familiar deve ter para diagnóstico dessas síndromes?
Dra. Maria Elisa – Dependerá do tipo de síndrome. Por exemplo: as quedas podem ser um evento que sinaliza a presença de outras doenças, desde depressão até perda da força muscular. Por isso, é interessante que tanto a pessoa idosa quanto os familiares e cuidadores as conheçam, de maneira geral, para que possam tomar medidas preventivas.
Portal Fortaleza Cidade Amiga do Idoso – É possível tratar? Como?
Dra. Maria Elisa – Sim, cada síndrome geriátrica tem tratamento específico. Alguns só retardam os sintomas, outros buscam melhorar a qualidade de vida e há, ainda, os que são importantes para o tratamento. O relevante é que haja um correto diagnóstico e, acima de tudo, o diálogo com a pessoa idosa e com seus familiares, a fim de informar corretamente a linha de cuidado, para que estes possam fazer escolhas entre os diversos tratamentos, mesmo que paliativos.
Portal Fortaleza Cidade Amiga do Idoso – Quais hábitos cultivar para evitar agravamentos no quadro de saúde durante o envelhecimento?
Dra. Maria Elisa – Temos algumas recomendações gerais: tais como manter-se fisicamente ativo, ter uma dieta adequada, ter um propósito de vida, ter planos para o futuro, encarar o envelhecer como algo normal à vida – uma fase vida com várias oportunidades, ter uma boa rede de amigos, pertencer a um grupo.
Em tempo!
O geriatra é um médico que utiliza uma abordagem ampla para a avaliação clínica, incluindo aspectos psicossociais, escalas e testes; por isso, a consulta geriátrica é, em geral, mais demorada.
Além de lidar com doenças como as demências, a hipertensão arterial, o diabetes e a osteoporose, o geriatra também trata de problemas com múltiplas causas, como tonturas, incontinência urinária e tendência a quedas. Ele também fornece cuidados paliativos aos pacientes portadores de doenças sem possibilidade de cura. Frequentemente, atua em conjunto com equipe multidisciplinar, como na avaliação de tratamentos adequados e daqueles que trazem riscos e/ou interações indesejadas.
Dra. Maria Elisa foi entrevistada também no Programa 6.0, sábado passado, dia 15 de maio. Confira o programa na íntegra: